O brilho nos olhos que já não enxergo

Gabriel Bernardo
2 min readJul 24, 2024

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View of the Raguz by Edward Okun

A obra prima é antes ainda
conjunto detalhado das interseções
em teu rosto maculado,

conjura, evoca
sensações acumuladas
destas que queremos esconder.

digo, não por vergonha
mas por temer a feiura
do incompreensível.

Há no céu
ponto fixo
que poderia chamar de Paraíso?

Há na dor
ponto fixo
que poderia chamar de Inferno?

Invade o peito
pestilência sufocante,

e ainda sim,
não poderia chamar de tristeza,
seria indiferença demais.

Nijigahara Holograph, Asano Inio, 2004.

O horizonte é infinito aos olhos,
através do rosa no céu e nuvens nucleares
capturo apenas a imagem de Sísifo,
carregando o corpo de Deus.

Os meus olhos cansados,
lacrimejam feito poças de água,
daquelas que encontramos nas ruas
e qualquer passo em falso esborra.

Suspiro

encarando o único sinal que comprova a ausência;

a presença de outro.

Não sei como superar,
não sei mesmo como vou me encontrar,

aflito, já é rarefeito as vontades de viver se não vejo mais os detalhes das borboletas no deserto.

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