Thesis
Compulsão comum
todo dia
escrevo
até secar
rios
não se move
a sombra
sobre a água.
Alongada longa madrugada
passada horas em ninho de cobras
estendo obliquo, grito
ao que parece sufocamento
inspiro excesso
expiro tudo que há
vida no olhar
cabe instante
minuto, obstante
desejo infinito
sussurrar ao teu corpo
esmero que Deus algum
assim tão comum
poria as mãos ao barro.
O pleito do sol decadente
onde caem súplicas,
tropeçam beberrões,
expiam almas.
Proponho ao céu
tréguas, contratos
quaisquer iguarias
escavadas nas veias
de minha amarga tristeza.
Uma única, mísera e tentadora sessão de terapia aos demônios que se comungam dentro de mim.
Alcançando eu o limiar do que se quer morrer
para fazer nascer, por natureza.
Faria ainda sob as mantas vergonhosas da desigualdade,
em súplica, torno-me primeiro ar suspirado após o gozo.
Primeiro sonho sonhado;
Primeiro nome a ser dito;
Primeira febre sentida;
Primeira chegada e partida;
Primeiro medo;
Primeira morte;
Primeiro significado
de todas primeiras vezes.
